Os rabiscos em letra de forma originam a verdadeira barbárie intima, algumas cartas foram escritas, lidas, outras queimadas e algumas por ventura entregues. Gosto dos papeis queimados, das folhas antigas, do cheiro de café, apesar de em alguns momentos querer esquecer o odor amargo impregnado nas páginas, porém muitas vezes minhas palavras têm algo real, romântico demais. O fato é que me escondo atrás de tinteiros. Estes são verdadeiros aliados.
O medo, a morte é muitas vezes explicita, temo o falecimento de todos, sinto saudades de entes realmente queridos, bisavós. A realidade se mostra paradoxal, as paixões também não são transcritas. Gosto de garotos intrigantes, mas eles nem sempre se apaixonam e o pior é que eu também não me deixo me envolver o meu corpo é dotado de uma barreira realmente intrigante, tímida e intima demais.
Sinto a solidão na pele, eu sou responsável por ela, talvez eu goste de ficar sozinha, o silêncio me faz bem, mas não sou fossa todos os dias. Aprecio a Bossa Nova, posso gostar de samba, de Chico, de Nara, até sei algumas poesias de Caetano, o rock and roll ainda é uma incógnita, viajo com Rolling Stones, danço com Beathes, e fico confusa com Ozzy.
Meus cabelos são curtos e escorridos, vivo num mundo paralelo, particularmente meu, não quero viver como garotas normais, desejo ver meu reflexo no espelho e entender que a beleza é algo realmente filosófico, e não aquilo que a sociedade dita. Queria ser completamente contemporânea, gosto do alternativo, aprecio a arte, quero usufruir dos livros estes me permitem a fugaz fuga da realidade, com eles consigo conhecer mundos imagináveis, dores realmente profundas e intrigantes.
Que as páginas sejam sempre meus companheiros, mas desejo também companheiros realmente humanos e reais, que há paixão um dia seja descoberta não como algo fictício. Mas como uma virtude real, que eu consiga me embriagar com o meu amor próprio e intimo que o meu corpo um dia perca a suposta timidez e eu me entregue loucamente ao gozo da vida.
Sonhos, são utopias pregadas pela própria sociedade, então quero criar minhas próprias utopias e junto com elas realizar todas minhas virtudes, que eu não tenho nada a temer, que desistir seja uma palavra tão cruel quanto o ciúme.
Consigo ser singela, leve, mas tenho obscuridades, minhas pérolas negras estão estampadas no meu olhar, carrego dores, medos, verdadeiros bicho papões, tenho pesadelos, por trás dos cabelos curtos, do olhar de moleca, existe um enigma quase indecifrável, às vezes sou dotada de uma fragilidade e ao mesmo tempo consigo ser fera.
A escrita ou o ato de escrever é alivio, prazer, lazer, a verdade é que escondo meus segredos atrás dos tinteiros, e assim crio um mundo intimo, é nessa intimidade guardo amigos, amores, segredos e piadas, algumas virtudes intimas nunca vão ser desmanchadas. A bolha da infância mudou de cor, de tamanho, e por fim explodiu.
Ana Luísa Nardin
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment