A causa xadrez, o lenço violeta, à sapatilha roxa, as unhas vermelhas. Os cabelos são curtos e têm cor de amora. A delicadeza está nos anéis ganho pela bisavó, nas trancinhas no cabelo, na doçura, no charme do batom vermelho.
A suavidade da escrita está combinando com elegância dos avós, com a mulher formosa, embriagada, cheia de entusiasmo.
O choro é delicado, brando, pouco custoso, real. A distancia entre Minas Gerais e São Paulo é demasiadamente doido. Lembre-se do bisavô que já se foi de um modo sereno, limpo de nuvens, tranqüilo, puro. Não queremos odiar a morte, mas nos aborrecemos com a ausência. Sinta á lagrima arder, não tenha vergonha da sensibilidade de um eu-lírico perturbado com o mundo. Acreditem em tudo que os avós dizem, eles são sábios, e cheios de orgulho. Um dia eles cessam, extinguem e se vão.
Se perca na ligeireza dos olhos verdes, na música dos negros, no samba de raiz. Não sabemos mais o que real e o que é sublime. Sinta raiva, todos se vão um dia, vocifere de saudades, dance até os pés formigarem, abrace aquele camarada, beije aqueles que te causam calafrios, desejos, perturbações, sonhos e pesadelos.
Lembre-se do gaiato que flertava outrora, do travesso de expressão leve, doce, singela, que ambos gostam de Chico, sabem versinhos de Tom, talvez um dia encontrem-se no mundo real, paralelo e intimo. Não se esqueça dos olhos claros se misturando ao lirismo das pérolas negras. Sinta raiva dos namoricos, mas estes vão e vem.
Escreva ate os calos arderem em chamas, sangrarem, e em pouco segundos o alivio, a meiguice, ternura se desmancham nas folhas de pergaminhos amargo. A escrita trás a leviandade de volta, as dores são internas e intimas.
Não se preocupe se a causa xadrez não combina com o lenço violeta. Goze, divirta-se, esqueça as regras, os tabus, as chatices, por longos segundos permita-se viver. Tome um porre de ficar zonza, bêbeda, louca e cante Raul Seixas com os andarilhos de rua, grite, ouça o seu eco. Viva loucamente e intensamente. Esqueça os comentários mirabolantes, lembre-se apenas dos poemas, do lirismo marginal dos poetas.
Então continue escrevendo tudo, angustias, desejos, sonhos, mas principalmente sobre a delicadeza e fragilidade da vida. É difícil viver na transição de um próprio eu – lírico, é espinhoso entender os humanos, o quão interessantes e intrigantes somos.
Ana Luísa Nardin
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lindo isso ana:D
ReplyDeleteadoro as coisa que você escreve
continue passando através da escrita
todos os sentimentos possíveis em um ser humano
roxinha =]
olá! obrigada pela visita. lindo texto.
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